Quantas vezes você poderia
sim ter reagido!
Com um pé-de-ouvido
no garçon idiota
no chofer da frota
o grosso porcão -
"Acorda, Dona Maria!"
Quantas vezes você poderia
sim, ter respondido
logo com um tranco,
com um safanão?
Mas não, mas não,
nada de tamanco.
Você abre mão,
encolhendo o peito,
dando o coração,
distribui perdão
e vai indo embora,
vai caindo fora,
quer chegar em casa,
ver televisão.
Tem que acordar cedo,
tem que mandar brasa
terminar serviço
não pensar mais nisso,
não quer ficar louca.
Pega o guardanapo
vai limpando a boca
dos restos de sapo,
se deita com medo
de perder a hora.
Só por garantia
sempre telefona
pro despertador.
De manhã a voz
tão confortadora
já tão conhecida,
da sua gravação
a chamar pra vida
de um novo dia
cheio de perdão:
"Acorda, Dona Maria!"
Rita Moreira (Perscrutando o Papaia)
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