Na minha aula de hidro (para idosos e algumas quarentonas), nossa animadíssima e eficiente professora, entre um comando e outro, ontem gritou:
"Vocês não imaginam as moças que eu vi se beijando no ônibus!!! Preparem-se pois o mundo vai ser gay!"
Em meio às figuras de aparência e papos ultra "família" e por vezes homofóbicos, uma jovem gritou de volta: "Não! o mundo vai ser Bi!" Segundo a mais esperta e popular do grupo, tudo na aula não passa de "brincadeira". Embora realmente quando dentro d'água os velhotes fiquem parecendo crianças, o que é legal, para quem presta atenção, como eu, é claro que aquela resposta foi uma "correção": Gay, não! Só é legal se forem também ao menos parcialmente hétero -- que é o que Bi significa. Talvez ela quisesse dizer, como tantos, que os gays "puros", os "desmunhecados", as "sapatonas", que continuem disfarçando ou mudem de jeito. De qualquer modo, tendo em vista a homofobia - consciente ou não - que grassa no país, achei até positiva a resposta da jovem. E compreendi, mais uma vez, a importância da visibilidade homossexual. Vejo como, apesar do perigo que essas jovens lésbicas enfrentam, ao se mostrarem evidentes namoradas nos ônibus, nas ruas, nos bares, (como qualquer casalzinho hétero faz à vontade) numa cidade cheia de neo-nazistas --óbvios ou enrustidos--, a visibilidade lésbica e homossexual é, sim, muito importante. Fez com que a professora da hidro falasse sobre elas; faz com que se reconheça sua existência; que se veja que somos muitas! (Aliás sempre fomos muitas, apenas nos suicidamos menos hoje em dia!) Corajosas as meninas que se beijam nos ônibus paulistas! Continuem mostrando ao mundo que existimos e temos direito de amar a quem quisermos. E que amar não fere ninguém. Já odiar, bater, achincalhar, matar ou levar à morte, sim, é muito ruim.
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