terça-feira, 28 de agosto de 2012

AS MENINAS QUE SE BEIJAM NOS ôNIBUS

Na minha aula de hidro (para  idosos e algumas quarentonas), nossa  animadíssima e eficiente  professora, entre um comando e outro, ontem gritou:
 "Vocês não imaginam as moças que eu vi se beijando no ônibus!!! Preparem-se pois o mundo vai ser gay!"
Em meio às figuras de aparência e papos ultra "família" e por vezes homofóbicos,  uma jovem gritou de volta: "Não! o mundo vai ser Bi!" Segundo a mais esperta e popular  do grupo, tudo na aula não passa de "brincadeira". Embora realmente quando dentro d'água os velhotes fiquem parecendo crianças, o que é legal, para quem presta atenção, como eu, é claro que aquela resposta foi uma "correção": Gay, não! Só é legal se forem também  ao menos parcialmente hétero -- que é o que Bi significa. Talvez ela quisesse dizer, como tantos, que os gays "puros", os "desmunhecados", as "sapatonas", que continuem disfarçando ou mudem de jeito. De qualquer modo, tendo em vista a homofobia - consciente ou não - que grassa no país, achei até positiva a resposta da jovem. E compreendi, mais uma vez, a importância da visibilidade homossexual. Vejo como, apesar do perigo que essas jovens lésbicas  enfrentam, ao se mostrarem evidentes namoradas nos ônibus, nas ruas, nos bares, (como qualquer casalzinho hétero faz à vontade) numa cidade cheia de neo-nazistas --óbvios ou enrustidos--, a visibilidade lésbica e homossexual é, sim,  muito importante. Fez com que a professora da hidro falasse sobre elas;  faz com que se reconheça sua existência;  que se veja que somos muitas! (Aliás sempre fomos muitas, apenas   nos suicidamos menos hoje em dia!) Corajosas as meninas que se beijam nos ônibus paulistas! Continuem mostrando ao mundo que  existimos e temos direito de amar a quem quisermos. E que amar não fere ninguém. Já odiar, bater, achincalhar, matar ou levar à morte, sim, é muito ruim.

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