Há tempos planejo um longo tratado sobre esse tema fundamental (já abordado por Madonna e Nina Hagen), mas por enquanto envio só uns recados prometidos à jovem advogada Dra. Fernanda, com quem conversei no clamor dos debates pela legalização do aborto, na Audiência Pública da Comissão de Reforma do Código Penal. Lá vai.
Dra. Antes de mais nada, como ocorreu com tantas outras coisas, é preciso que você delete aquela idéia das bisavós de que masturbação é o sexo “solitário”, de segunda categoria, coisa de infelizes, substituto de algo necessariamente melhor, que seria o sexo a dois. Esta última coisa é o que uma masturbação bem levada realmente não é. Masturbação não é substituição. Pode, e frequentemente ocorre, concomitantemente a uma relação amorosa, até a bem satisfatória.
Uma colega minha de redação, por ex., muito bem casada, com alguém com quem tinha relações sexuais umas quatro ou cinco vezes por semana, quando sentia o “clic” simplesmente se levantava “para tomar um café”, ia até o banheiro e rapidamente resolvia a questão, voltando relaxada e pronta para continuar no batente. Com homens também. Independentemente de estarem banging uma ou várias mulheres – ou homens – também costumam praticar a masturbação. Mas vamos nos deter nas mulheres, que é o seu caso.
Tendo ultrapassado as barreiras judaico-cristãs-maometanas, você tem que se olhar no espelho e confessar a si mesma: quem me conhece melhor do que eu mesma? Quanto a ser um sexo solitário, ao contrário do sexo a dois, na masturbação você pode, graças à imaginação, realizar sexo com dois, três, quatro parceiros ou uma multidão.
Se ficar realmente livre das pressões, principalmente religiosas, compreenderá que fantasia é muito diferente de realidade e que no campo da fantasia o mundo está em suas mãos! Literalmente. Há também quem curta “brinquedos”, revistas ou vídeos. De qq modo, o fundamental é que como já disseram, o sexo, se não está completamente, com certeza começa na cabeça, e é de lá que você tirará seus parceiros, enredos, começos, meios e fins. Você pode se imaginar com seu pai, sua mãe, o cachorrinho do vizinho, ou toda a torcida do Corinthians. Não é pecado, ninguém ficará sabendo e você vai ficar, no final, maravilhosamente relaxada e feliz.
Conhecendo-se como se conhece, não precisará pedir “não pare, não pare, não pare, assim, assim, assim!” Você não vai parar e fará exatamente o que lhe der mais satisfação. O que lhe der na telha. Pois é na “telha” que estão os grandes propulsores da masturbação. Até o tempo que investirá na deliciosa atividade você mesma é quem determinará. Com a prática a coisa fica fácil e cada vez mais satisfatória, levando-a a estados de imenso bliss.
Não que o sexo a dois também não possa nos levar ao céu, porém, o personagem em ação é sempre você.
Mais tarde me estenderei sobre o mito de que alguém nos dá orgasmo. E também sobre aquela história de “passivo e ativo” ser fixo e necessário. Pois sim!
Querida amiga, sozinha ou acompanhada o orgasmo é seu, será sempre seu, ainda que provocado pela ação da outra pessoa. E para isso não ficar longo demais, lembrar que quem se masturba não está substituindo e muito menos traindo o ser amado.
Quanto às técnicas, merecem um grande capítulo. Tive uma amiga linda, linda de morrer, que fazia sexo adoidado, com o marido, com o cunhado, com o ascensorista, com a costureira, comigo, e eu acreditei quando ela contou que já teve um orgasmo apenas graças ao manuseio do seu... pescoço! Enfim, quanto ao orgasmo em si, creio que também pode variar de intensidade, como dizia Reich.
Mas não há porque ficar obcecada querendo sempre o chamado 100%. O processo básico não varia muito: 1. estímulo preciso no clitóris, resultando em múltiplos orgasmos rapidinhos. 2: na exaltação crescente, o interior da vagina contrai-se naturalmente (sem qualquer esforço nosso), o que às vezes pede eventual introdução de algo (dedinho, dildo, ou o que você escolher). 3: pernas absolutamente “mortas” e eventual sono imediato. Daí os franceses o chamarem de “petite morte”.
O outro orifício, anal, também pode trazer inúmeras delícias, mas fica para depois.
PS: assim como para o sexo a dois, principalmente para mulheres mais velhas, com o interior mais fino e seco, recomenda-se o uso do excelente lubrificante mundial KY, ou outras, como as feministas amigas da Oprah recomendaram.
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